Por Fábio H. Filizzola e Vinícius Maggioni
A expressão “pensar globalmente, agir localmente” da ECO-92 permanece uma aspiração distante. Após a COP28, as discussões persistem, revelando a lacuna entre compromissos anunciados e a efetiva implementação de metas sustentáveis. Apesar dos avanços, a influência do capital na tomada de decisões prevalece.
Relatórios como o IPCC alertam para os impactos ambientais, mas a questão central é: quem arcará com as consequências? Compromissos são feitos, mas a responsabilidade é frequentemente esquivada. O destino dos países localizados na Polinésia, submersos pelo aumento do nível do mar, é incerto. O metaverso das empresas de tecnologia não oferece solução para os refugiados climáticos.
Debater temas ambientais é crucial, mas a falta de consenso entre nações, empresas e organizações quanto a investimentos e prioridades prejudica a efetividade. A COP serve como guia, sugerindo uma economia verde e práticas sustentáveis, mas sua influência é limitada.
É imperativo compreender que a COP é apenas um indicativo, um suspiro global. Uma economia verde requer compromissos reais, com foco em energia limpa, produção circular e práticas agrícolas conservacionistas. A atual trajetória, com consumo excessivo de defensivos agrícolas e alta dependência por adubos químicos, questiona o desenvolvimento almejado.
A COP não pode ser refém de entidades como a OPEP+. Todos suportam as consequências das mudanças climáticas e da degradação alimentar, evidenciadas pelos crescentes preços dos alimentos, seguros e taxas bancárias. As complexidades ambientais transcenderam a esfera de discussões, tornando-se uma realidade inegável.
Não se trata apenas de abraçar árvores; é uma questão de sobrevivência. A visão de um fazendeiro cede lugar à perspectiva de um astronauta, reconhecendo a finitude dos recursos e os limites do planeta. A transformação é essencial para garantir um futuro sustentável, onde a conscientização global se traduza em ações locais efetivas.
